Call of Duty Black Ops 7 é "jogo de Schrödinger" - Análise
A franquia de tiro da Activision se tornou tão grande que o novo título consegue ser bom e ruim ao mesmo tempo. Entenda melhor na review completa
Lançado em 14 de novembro, Call of Duty Black Ops 7 já pode ser considerado um dos games mais marcantes de toda a franquia. O título conseguiu deixar sua marca no mercado de games surpreendendo a crítica com sua temática peculiar, irritando jogadores com seu novo direcionamento e deixando todo mundo pistola com o uso preguiçoso de IA.
Graças a uma chave cedida pela Activision Brasil, nós tivemos a chance de testar tudo que o jogo tem a oferecer no PS5, além da versão do Game Pass. E, no final das contas, temos aqui um dos lançamentos mais importantes do ano, pois Black Ops 7 mostra muito bem como anda a indústria de games atualmente.
Ficha técnica
Jogo: Call of Duty Black Ops 7
Lançamento: 14/11/2025
Onde jogar: PC, PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series S/X
Plataforma de teste: PS5, PC e Xbox
Preço: A partir de R$ R$ 349,90 (também disponível no Game Pass Ultimate de R$ 120)
O maior Call of Duty já feito
Agora como parte da Microsoft, a Activision prometeu entregar neste ano o “maior Call of Duty já feito”, e isso foi cumprido. Black Ops 7 chegou com um caminhão de conteúdo no lançamento, e mais novidades estão a caminho.
Logo de cara, os jogadores já podem aproveitar:
Uma campanha cooperativa para até quatro jogadores com cerca de oito horas de conteúdos e um modo final “infinito” em um mapa de mundo aberto.
O Modo Zumbis com o maior mapa já feito, com gameplay que segue os padrões consolidados e amados pelos fãs.
O modo Dead Ops Arcade 4, que funciona com visão isométrica ou primeira pessoa, garantindo uma jogabilidade diferenciada e divertida.
Um multiplayer com mais de 16 mapas para partidas 6x6, novos modos de jogo.
Progressão compartilhada entre os modos, fazendo com que todo gameplay auxilie a subir de nível e liberar mais itens.
Tecnicamente falando, o jogo também não deixa a desejar. Os gráficos estão decentes no PS5 e no Xbox Series X, trazendo suporte até para multiplayer local. Também tive a chance de testar o game no PS4, que não possui split-screen, mas funciona direitinho e mostra a longevidade do console.
Com todo esse caminhão de conteúdo, é fato que dá pra se divertir com o game. Mas afinal, quantidade é qualidade? A resposta para essa pergunta é bem simples (não), mas Black Ops 7 conta com algumas camadas que tornam esse papo ainda mais complexo.
Afinal, Black Ops 7 seria tão ruim se não fosse um Call of Duty?
Depois de mais de uma semana jogando o game, fiquei com a impressão de que temos aqui um “jogo de Schrödinger”: Black Ops 7 consegue ser bom e ruim ao mesmo tempo, tudo depende do que você vê na hora que abrir a caixa e testar o game.
A campanha cooperativa é, definitivamente, o ponto mais complexo desse amontoado de conteúdo. Repleta de estrelas da TV e cinema, a história acompanha um esquadrão especial, num futuro não tão distante, lutando contra uma arma biológica que causa alucinações.
A temática abriu portas para a Treyarch viajar na maionese. Com gameplay em primeira e terceira pessoa, o jogo traz sequências que parecem tiradas de jogos da franquia Resident Evil, com monstros gigantes e hordas de inimigos infectados.
A campanha também conta com missões mais clássicas, incluindo uma bem divertida no clássico barco do mapa Hijacked. No entanto, o domínio da história fica para uma narrativa que está bem próxima do que já conhecemos do modo Zumbis.
E, apesar de parecer maluca, essa aproximação pode ter ligação com o modo cooperativo com mortos-vivos. Como o Zumbis é bastante amado por fãs, talvez a Treyarch tenha visto nele a oportunidade para entregar uma história “fora da caixa” e que fugisse dos padrões de guerra realista de rivais como Battlefield 6.
Essa abordagem, no entanto, colocou em xeque algo importantíssimo: a identidade de Call of Duty. Assim como outros títulos no passado, incluindo Infinite Warfare, o novo game está sendo visto como um desrespeito por alguns fãs da franquia.
Com isso, fica a dúvida: será que o tamanho de Call of Duty não atrapalhou um jogo que, no fundo, é divertido?
Mesmo com problemas, Black Ops 7 entrega experiência divertida
Após passar bastante tempo no game, posso garantir que Black Ops 7 é bem divertido e entrega uma experiência de ponta - algo esperado para o tamanho de sua franquia. Apesar de ter fugido dos padrões esperados (inclusive por mim, que gostaria de algo mais pé no chão), o resultado final é interessante.
A história da campanha acaba sendo bem morna justamente por não querer tocar em temas políticos ou tomar qualquer risco. Por outro lado, o gameplay de tiro em primeira e terceira pessoa funcionam muito bem.
Seja na campanha, multiplayer ou coop, o jogo entrega uma experiência de ponta quando o assunto é tiro, porrada e bomba.
Seja na campanha, multiplayer ou coop, o jogo entrega uma experiência de ponta quando o assunto é tiro, porrada e bomba. O título aprimora os pontos dos games anteriores e entrega um gameplay mais ágil e refinado.
O grande problema, no entanto, é que tudo isso vem empacotado com o legado da franquia Call of Duty. Após sete grandes títulos só na saga Black Ops, é difícil manter qualidade e originalidade andando juntos, o que escancara um grande problema da indústria atual: a dependência de gigantes por grandes franquias.
Franquia Call of Duty precisa de um reboot?
Se Black Ops 7 fosse lançado com suas mesmas características de história e gameplay, mas com um nome diferente, talvez o título se tornasse um grande sucesso. Afinal, para muitos jogadores que clamam por projetos AAA, um game de tiro com gameplay viciante, multiplayer e uma pegada que lembra Resident Evil seria sucesso total, principalmente num período “entressafra” da franquia da Capcom.
O problema é que não dá pra separar o peso da franquia de Call of Duty e Black Ops 7, principalmente quando o jogo ainda se calça na nostalgia de títulos antigos para montar sua história. A série claramente se tornou grande demais, a ponto de seu legado acabar atrapalhando o conteúdo entregue pelos seus estúdios.
E, curiosamente, isso gera uma grande bola de neve: com a repercussão negativa, o jogo vende menos cópias e assinaturas do Game Pass, o que ocasionalmente pode se tornar motivo para mais demissões. Ao mesmo tempo, o sucesso da franquia pode manter os padrões atuais, com lançamento anual com poucas mudanças significativas, preço cheio e precarização de conteúdo, incluindo uso de IA para fazer conteúdos do jogo final.
Após vivenciar essa mudança, tudo que pensei é como talvez seja a hora da Activision repensar a franquia, isso se o dinheiro permitir. Afinal, Call of Duty se tornou um monstro tão grande que qualquer passo em falso pode causar demissões e mudanças de rota em toda a divisão Xbox.
Como a franquia ainda se calça no legado do seu passado, mas claramente tem fôlego para testar coisas novas, quem sabe seja uma boa hora para abandonar selos conhecidos, como Black Ops, e seguir com novas abordagens. Talvez seja a hora de deixar Woods e outros personagens onde estão e arriscar coisas novas e certeiras, que possam gerar bons frutos nos próximos anos e conquistar uma nova base de fãs.
Vale a pena?
Mesmo com problemas, Black Ops 7 entrega uma experiência divertida e completa. O jogo traz umas liberdades criativas em sua história que podem manchar a imagem da série para jogadores mais antigos, mas que conversam com pontos que costumam funcionar na saga, como o modo zumbis.
Apesar da história divisiva na campanha, o jogo ainda agrada em seu gameplay e pode garantir diversão no multiplayer. No entanto, com o preço alto do lançamento, fica difícil recomendar sem que você tenha a chance de testar e ver se a nova vibe é para você.
Com isso em mente, a dica do Jornal é seguir em frente por sua conta e risco, ou então esperar uma promoção ou fim de semana grátis, o que já permite conferir o pacote de conteúdo antes do investimento.
Call of Duty Black Ops 7 já está disponível no PC, PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series S e X.






