Life is Strange Double Exposure leva franquia para um novo caminho - Review
Novo jogo da franquia da Square Enix aposta em uma abordagem diferente e que pode não agradar fãs de longa data
Life is Strange Double Exposure pode te decepcionar, e muito, se você é um fã de longa data da franquia. Eu joguei os cinco capitulos do game e posso afirmar, sem dar spoilers, que ele é bem diferente dos outros jogos da franquia.
Após cerca de uma semana do lançamento, a recepção mista do jogo já está evidente, e os motivos para isso são muitos. Durante toda a jornada com o game, a Square Enix, e o estúdio Deck Nine, deixam claro que estão buscando uma nova rota para a franquia.
Enquanto isso pode ser positivo a longo prazo, a mudança brusca também pode afastar muitos jogadores que acompanham a franquia há uma década.
Qual a premissa de Life is Strange Double Exposure?
Life is Strange Double Exposure acompanha, novamente, a protagonista original Max. Cerca de 10 anos após os acontecimentos do jogo original, ela agora não utiliza mais seus poderes de voltar no tempo, mas descobre uma nova habilidade depois de mais um trauma.
A fotógrafa, que agora trabalha em uma universidade, encontra sua nova amiga Safi morta, e tudo indica que ela foi assassinada. Depois disso, a protagonista descobre a habilidade de transitar em duas realidades diferentes, que tem como diferença a vida de sua nova parceira de aventuras.
Com isso, Max resolve utilizar seus poderes para tentar salvar sua amiga e descobrir quem é o assassino. No começo, a ideia acaba sendo bem interessante, mas o jogo da Deck Nine leva a história para caminhos fora do comum para a franquia.
Porque o novo Life is Strange é tão polêmico?
Logo de cara, é importante ressaltar um dos motivos para muitos jogadores não curtirem Double Exposure: Chloe. A personagem de Life is Strange 1, que também apareceu em Before the Storm e quadrinhos da série, não tem importância no novo jogo.
Esse tratamento acabou decepcionando muitos fãs que esperavam ver a personagem com mais destaque no game, mas afirmo aqui que este não é o meu caso. Como conheço os padrões da indústria de games, eu já esperava que ela mal aparecesse em Double Exposure, visto que o foco da divulgação sempre foi a personagem Max e novos rostos, como a simpática Safi (que já está conquistando uma merecida fanbase).
No entanto, a estrutura de Life is Strange Double Exposure também pode desagradar todo mundo que gosta da franquia. Em alguns momentos, até parece que o estúdio entendeu errado o que fazia os jogos da série ganharem tanto amor dos fãs.
Mudança de foco
Life is Strange 1 e 2, produzidos pela Dontnod, contam com uma grande construção de personagens e escolhas de peso, em que o futuro da narrativa é definido pelas suas ações. Ambos os jogos te fazem sentir a frase “essa ação terá consequências” do início ao fim do gameplay.
No fim das contas, o uso de superpoderes é apenas um pano de fundo para contar uma bela história de amizade, amor ou fraternidade, por exemplo. Double Exposure muda essa dinâmica aplicando fórmulas que já vimos no jogo True Colors, como mais foco para os relacionamentos amorosos, e adiciona outro ponto para a receita: o foco nos poderes.
Em Life is Strange True Colors, o grande protagonista acaba nem sendo Max, mas os superpoderes que rondam a franquia e não possuem explicações aparentes. No final do jogo, a Deck Nine até deixa claro que pretende explorar ainda mais essa parte da série, deixando o desfecho em aberto para construir algo no estilo dos X-Men, ao que tudo indica.
Enquanto a ideia tem potencial, toda a construção em Life is Strange Double Exposure se afasta bastante dos padrões da franquia. Todas as escolhas feitas pelo caminho só afetam a relação de Max com os personagens, ao invés de trazer grandes impactos da história. Por causa disso, o título termina com apenas um final, que tem como grande escolha concordar ou não com uma decisão que só deve fazer diferença em uma possível sequência do jogo.
A Deck Nine está claramente querendo levar a série pra um outro caminho que pode ser mais fácil de lidar para os desenvolvedores e também como franquia. Afinal, enquanto múltiplos finais são deliciosos para o público, lidar com eventos canônicos pode dar muito trabalho para o estúdio.
Pessoalmente falando, fico triste com esse direcionamento, pois sempre curti jogos como Life is Strange pelo impacto feito pelas escolhas durante a jornada. Além disso, eu sempre gostei do sentimento de conhecer novos personagens e suas histórias nos games da franquia, ao invés de sempre jogar com um só protagonista, o que deve se tornar padrão.
Jogos de escolha bons ainda existem
Torço para que, no fim das contas, tudo dê certo e Life is Strange não caia no limbo. Enquanto isso, para os fãs de longa data, a dica é ficar de olho em outros projetos da Dontnod, o estúdio por trás dos jogos originais da franquia LiS.
Um game recente da empresa que é exemplo quando o assunto são escolhas é Banishers Ghost of New Eden. O RPG traz jogabilidade ao estilo God of War e que até possui uma premissa que lembra a história de Max e Chloe.
O título se passa nos Estados Unidos, no início da colonização, e envolve o dilema de um casal de caçadores de fantasmas, Red e Antea. Após a esposa morrer e se tornar um fantasma, o marido deve recuperar seu corpo e escolher entre deixá-la partir ou matar inocentes para fazer um ritual capaz de trazê-la de volta à vida.
Para os fãs que amam a vibe de Life is Strange, com jovens envolvidos com coisas misteriosas, a dica é ficar de olho em Lost Records: Bloom and Rage. Previsto para chegar em 2025, o game é dirigido por Michel Koch, um dos criadores de Life is Strange 1, e promete entregar uma experiência similar aos clássicos jogos da franquia da Square Enix, mas com total liberdade criativa.
Enquanto os títulos mencionados acima certamente vão manter o legado original de Life is Strange vivo, resta esperar, agora, pelo futuro, pois o destino da série principal claramente reserva surpresas para os jogadores — isso se não rolar um cancelamento.
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