Por que diabos o Xbox Game Pass agora custa R$ 120?
Se um dia o Game Pass Ultimate já custou apenas R$ 1, ontem esse preço virou R$ 120 mensais. Entenda tudo o que mudou com o serviço na edição extra de hoje
Quando a semana começou e lançamos o nosso resumão de notícias às 9h de segunda-feira, como de costume, tínhamos certeza: a edição extra da vez seria temática da EA Games. Afinal, a empresa foi comprada de maneira polêmica por US$ 55 bilhões, em um negócio que envolve dívida bilionária, um fundo saudita e franquias históricas em jogo.
No entanto, mais uma vez, a Microsoft roubou os holofotes do nosso periódico extra — depois de já ter feito isso com demissões e reajustes nada legais. De surpresa, a companhia anunciou uma grande mudança no Xbox Game Pass na quarta-feira (1), abrindo o mês de outubro com o serviço de assinatura dobrando de preço.
E, apesar de a situação da EA Games ser extremamente relevante por motivos mercadológicos, artísticos e até humanos, o caso do Game Pass é ainda mais crítico atualmente. O motivo? As mudanças estão valendo AGORA, e elas pesam muito no bolso dos jogadores brasileiros.
Afinal, o que rolou com o Game Pass?
A galera da Microsoft acordou com a pá virada e resolveu reinventar todo o Game Pass na última quarta-feira (1) — só que cobrando bem mais caro por isso.
A empresa fez a maior reformulação do serviço desde 2017, quando ele nasceu como o queridinho do custo-benefício. E se antes dava para assinar o Game Pass Ultimate por apenas R$ 1, hoje você precisa multiplicar essa quantia por R$ 120 para garantir tudo que o serviço tem a oferecer.
Agora, temos três novos planos com nomes diferentes — Essential, Premium e Ultimate, que chegam para substituir os antigos com suporte para nuvem, PC e consoles em todas as categorias. No blog oficial, a Microsoft vende todos os níveis da assinatura com muitas palavras bonitas, mas nem tudo são flores na mudança.
Os problemas começam, justamente, no preço. Todos os planos sofreram reajustes, começando em R$ 43,90 na versão básica, com o Game Pass Ultimate subindo para impressionantes R$ 119,90 do dia pra noite.
A recepção da galera foi tão “positiva” que a página de cancelamento do Xbox Game Pass chegou a cair logo após o anúncio. Enquanto os pedidos de boicotes, memes e zoações dão esperança de que a empresa pode voltar atrás, a verdade é que os novos valores já estão valendo — e como nós trabalhamos calçados na realidade, vamos ver agora tudo o que mudou, e como chegamos até aqui.
Game Pass Essential mostra que tá caro jogar online nos consoles
Uma das maiores cachorradas do mercado de consoles é você ter que pagar para jogar online, e as mudanças no Game Pass deixaram essa brincadeira ainda mais cara. Os tempos de Live Gold e Game Pass Core ficaram para trás com a chegada do Game Pass Essential.
O plano é descrito como a porta de entrada para o ecossistema Xbox e custa R$ 43,90 por mês. A oferta inclui multiplayer online, catálogo com mais de 50 jogos e suporte para Cloud Gaming, bem como skins e vantagens em uns jogos específicos. Ou seja, tudo bem parecido com o serviço que antes custava R$ 34,99/mês, só que agora com a nuvem no pacote.
Game Pass Premium é o antigo Game Pass Ultimate, mas com menos benefícios
Custando R$ 59,90 por mês, o Game Pass Premium substitui o antigo Standard e se aproxima bastante do que era o Ultimate — só que sem os lançamentos no primeiro dia. Ele garante acesso a mais de 200 jogos no PC, console e nuvem, incluindo títulos como Diablo IV e Forza Horizon 5.
O plano de R$ 60 recebe jogos originais da Microsoft em até um ano, mas isso não vale para Call of Duty.
Além disso, essa versão receberá os lançamentos da própria Microsoft, como o futuro The Outer Wilds 2, em até um ano. No entanto, tem uma pegadinha: essa regra não vale para jogos da franquia Call of Duty, que podem demorar mais de 12 meses para dar as caras neste serviço.
Ou seja: se você quer Black Ops 7 no Game Pass, vai ter que pagar pela versão mais cara da assinatura.
Game Pass Ultimate agora custa R$ 120
E sem nenhuma pena da carteira da galera, a Microsoft dobrou o preço do Ultimate, que agora custa R$ 119,90 por mês. Para tentar compensar a facada, a empresa anunciou algumas mudanças no plano, que agora inclui mais de 400 jogos e as assinaturas EA Play, Fortnite Crew e Ubisoft+ Classics inclusos.
Além disso, o plano segue recebendo jogos no lançamento, incluindo a famigerada franquia Call of Duty. A empresa também prometeu que vai trazer mais de 75 títulos por ano direto no catálogo no dia de estreia e anunciou uns 90 games logo de cara no serviço, incluindo Hogwarts Legacy. Se tudo isso compensa, aí você vai ter que me dizer.
E o Game Pass de PC?
Quem ficou meio esquecido no churrasco em toda essa mudança foi o PC Game Pass, que ainda existe, mas claramente foi deixado de escanteio. O serviço continua recebendo jogos no lançamento e inclui o EA Play, além de benefícios como itens em games online, mas agora custa R$ 70, um belo salto em comparação aos R$ 35,99 praticados até setembro.
O plano aqui, ao que parece, é descontinuar essa versão no futuro e fundi-lo com o Premium. No entanto, enquanto o PC Game Pass não é tirado da tomada, os assinantes vão ter que pagar mais caro para seguir usando.
As mudanças não param por aí: Rewards também foi alterado
Enquanto a Microsoft promete que a transição vai ser suave para quem já assina o Game Pass, a alteração nos planos também mudou o programa Microsoft Rewards, o que vai afetar jogadores mais hardcore.
Antes, dava para trocar pontos acumulados no sistema de recompensas do Xbox diretamente por meses de Game Pass. Agora, só é possível usar os pontos em cartões de presente, o que torna o processo bem mais caro e inviável para quem vivia de grindar no Bing para jogar de graça.
Além disso, o novo sistema ainda limita o acúmulo anual de pontos para cada nível do serviço, com os seguintes valores:
Até 25 mil pontos (R$ 150) no Essential
Até 50 mil pontos (R$ 300) no Premium
Até 100 mil pontos (R$ 600) no Ultimate
Em outras palavras: acabou a mamata.
E por que tantas mudanças?
Um dos pontos centrais por trás de todo esse rebolado da Microsoft é Call of Duty, que foi mencionado nominalmente nos planos mais caros. A franquia vende milhões todo ano no PC e consoles, e claramente tem poder o suficiente para impulsionar a assinatura mais parruda.
Black Ops 7, o novo título da série, tá batendo na porta e chega em novembro, com um beta grátis rolando a partir de hoje. Ou seja, a mudança claramente foi estratégica e bem pensada para aproveitar as expectativas em cima do novo game.
Depois da compra da Activision Blizzard por US$ 70 bilhões, a Microsoft claramente quer monetizar ao máximo suas grandes franquias e ganhar dinheiro a todo custo. E como as vendas dos consoles não estão lá essas coisas após alguns aumentos de preços, apostar em um serviço multiplataforma e extremamente premium foi a saída encontrada pela companhia para tentar agradar os acionistas — mesmo que isso custe a sanidade dos jogadores.
O consumidor paga a conta, mais uma vez
Segundo o analista Daniel Ahmad, a ideia da Microsoft com essas mudanças é clara: manter a base fiel de jogadores do Xbox pagando mais caro, ao mesmo tempo em que busca crescimento fora do ecossistema com lançamentos no PC, PlayStation e até Switch 2.
O aumento e a reestruturação do Game Pass são a forma de sustentar essa expansão, mesmo que doa no bolso dos consumidores. Enquanto isso, quem joga por fora, como no PlayStation e PC, segue pagando salgados R$ 350 em jogos como Call of Duty Black Ops 7.
Ou seja, a Microsoft está repassando os custos de suas decisões financeiras para seus consumidores, principalmente quem comprou um console Xbox. E a parte mais curiosa é que isso já virou rotina.
Neste ano, a empresa já aumentou preços de jogos, reajustou valores de consoles e realizou muitas demissões tentando achar um ponto de equilíbrio para o seu novo modelo de negócio após adquirir a Activision Blizzard. Até agora, parece que a única constante são os jogadores, principalmente os mais fiéis da marca, tomando prejuízo ou perdendo vantagens.
Em outubro 2020, tivemos o privilégio de fazer uma review do Xbox Series X aqui no Jornal dos Jogos. Na época, o ecossistema da Microsoft se destacava por trazer preços dentro da realidade em seus consoles, tecnologia de ponta e um serviço com ótimo custo-benefício.
Hoje, cinco anos depois, o Xbox Series X é vendido por preços astronômicos, já foi superado pelo PS5 Pro e funciona com o Game Pass custando até R$ 120. Ou seja, praticamente não sobrou nada…
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Acompanhar a trajetória do Xbox, desde o lançamento do Series X/S é doer. Chegaram com tudo, preços acessíveis, bons serviços e hardwares, extremamente satisfatório. Mas depois da compra da Acrivision Blizzard, a montanha russa não para de descer faz alguns anos. Lastimável.