Steam Machine pode revolucionar o mercado, mas possivelmente não vai fazer isso
A Valve apresentou o seu novo 'console' e animou o público, mas é bom gerenciar as expectativas
A semana foi recheada de grandes notícias, desde o retorno de Red Dead 1 até a chegada de Black Ops 7, mas nada chamou tanta atenção quando os novos hardwares da Valve. Após o sucesso do Steam Deck, a empresa dobrou a aposta nos seus itens.
Em um comunicado lançado de surpresa na quarta-feira, a dona da Steam apresentou três novos produtos, que chegam em 2026 e prometem expandir o ecossistema da maior loja de PC.
O Steam Controller é a nova versão do controle da Valve, que traz todas as tecnologias modernas esperadas em um joystick, além de dous touchpads para realizar ações de um mouse. É tudo bem funcional, mas o formato é muito estranho.
O Steam Frame é o novo headset de realidade virtual da marca, que chega com um sistema dedicado baseado em Linux, permitindo jogar tanto conectado a um computador quanto de maneira independente.
Já a Steam Machine é um computador compacto da Valve que vem pré-montado em uma caixinha, lembrando muito um console, com o sistema SteamOS e capacidade gráfica próxima do PS5.
Enquanto os hardwares só chegam em 2026 e o preço ainda não foi revelado, os anúncios já estão movimentando a internet. O principal foco dos fãs da loja está no potencial da Steam Machine, que renova um conceito da Valve que flopou há cerca de 10 anos.
Com o aprendizado que a Valve teve com o Steam Deck, agora a empresa tem mais chances de sucesso com seu novo “console”. Ainda assim, é importante gerenciar as expectativas, pois o modelo pode não ter o impacto que poderia — e a culpa é da própria fabricante.
Steam Machine tem boas especificações para o seu propósito
A Steam Machine chegará ao mercado em 2026 com performance próxima ao PS5, de acordo com informações do Digital Foundry. Apesar do corpo compacto, o modelo traz um hardware da AMD potente, incluindo:
Processador (CPU) AMD, arquitetura Zen 4, 6 núcleos e 12 threads, semipersonalizado
Até 4,8 GHz, com potência térmica de 30 W
Processador gráfico (GPU) AMD, 28 unidades de computação de arquitetura RDNA3, semipersonalizado
Frequência máxima estável de 2,45 GHz, potência térmica de 110 W
Memória - 16 GB de RAM DDR5 + 8 GB de VRAM GDDR6
Energia - Fonte de alimentação interna, alimentação CA bivolt (110 a 240 V)
Armazenamento em dois modelos: SSD NVMe de 512 GB e SSD NVMe de 2 TB
Com esse conjunto de características e o sistema otimizado da Steam, o modelo deve garantir performance para encarar jogos em 4K em 30 e 60 fps, assim como os consoles atuais. Além disso, o produto deve segurar o aguardado GTA 6, mesmo que ele só dê as caras no computador lá por 2028.
Em teoria, tudo isso é muito bom, principalmente quando pensamos nas vantagens da própria Steam perante a outras plataformas de games.
A Steam Machine roda tanto jogos de PlayStation quanto de Xbox disponíveis no PC — e também de Switch, se você apelar para a pirataria.
A Steam tem a maior biblioteca de jogos exclusivos do mundo, com centenas de novos indies chegando na loja semanalmente.
Os jogos de PC são mais baratos e constantemente entram em promoção na Steam.
Os jogadores podem instalar o Windows na Steam Machine e também rodar coisas como o Game Pass e títulos de outras lojas, como Epic Games.
Apesar do formato de console, o produto também conta com uma interface Linux e pode ser usado como um PC.
Ou seja, com um preço atraente e ampla distribuição, a Steam Machine pode se tornar um console que traz todas as vantagens do PC para a sala de estar. O grande problema é que talvez isso não aconteça.
Steam Machine pode não ser sucesso por causa da Valve
Apesar de tudo ser muito lindo no papel, existe a chance de a Valve segurar o sucesso da Steam Machine, do mesmo jeito que ocorreu com o Steam Deck. E o motivo para isso é simples: a empresa não quer as dores de cabeça de ser uma grande fabricante de “consoles”.
Enquanto a Valve já ganha rios de dinheiros com a Steam, o mercado é diferente com hardwares. A empresa não tem tantos custos para manter uma loja e vender produtos digitais, mas distribuir um dispositivo físico em escala global envolve muitos outros encargos.
Uma prova disso é o próprio Steam Deck. O dispositivo portátil da Valve é um sucesso entre seus jogadores, mas nunca alcançou todo o seu potencial para fazer cócegas no Nintendo Switch por causa da falta de estrutura da companhia de Gabe Newell com produtos físicos.
Até hoje, a Valve não revelou os números oficiais de vendas do Steam Deck, mas analistas estimam que o produto teve cerca de um milhão de unidades vendidas, com preços partindo de US$ 399. Essa quantidade chega a ser menor que os números do PS Portal, o dispositivo de US$ 199 da Sony que serve para espelhar a tela do PS5.
O motivo? A Valve limitou a distribuição do Steam Deck para poucos países, como Estados Unidos e Reino Unido, e estipulou um preço que não competia com o magnata Nintendo Switch. Basicamente, a empresa não queria ter um pouco de prejuízo para garantir que o produto chegasse nas mãos de mais pessoas, e existe um motivo para isso.
A Valve não precisa que você compre seus hardwares
No mercado de consoles, existe uma lógica comum das empresas operarem no prejuízo para ganhar dinheiro lá na frente. Basicamente, vender consoles como o PS5 e o Xbox Series S e X é bem caro para as fabricantes, mas as companhias conseguem dar a volta com a comercialização de jogos em seus ecossistemas fechados (PS Store e Xbox Store).
Quando um consumidor compra um console, ele normalmente só vai adquirir e jogar seus jogos ali dentro. Assim, a cada transação realizada na loja do PlayStation, a Sony ganha um dinheirinho que compensa o prejuízo de distribuir seus consoles globalmente, por exemplo.
No caso da Valve, a empresa não precisa fazer isso. Como a Steam é um negócio gigante e que está presente em todos os computadores do mundo, a empresa não precisa prender o consumidor em um único dispositivo.
Com seus novos lançamentos, a Valve não quer ser uma empresa de consoles, mas sim uma plataforma de PC que dá mais opções para os jogadores. A realidade é que as pessoas vão usar a Steam de qualquer maneira, a companhia só está oferecendo maneiras mais confortáveis para fazer isso.
E o que podemos concluir com essa estratégia? A Steam Machine pode chegar “repetindo os erros” do Steam Deck, com um preço mais alto que o padrão e distribuição limitada. Afinal, o objetivo do produto não é revolucionar o mercado, apenas ser uma extensão da plataforma de games para PC da Valve, que já é um sucesso.
Como fãs do Steam Deck aqui no Jornal dos Jogos, nós adoraríamos ver o novo “console” chegando com um preço atraente e distribuição no Brasil. No entanto, precisamos ser realistas: talvez o povo brasileiro só consiga colocar as mãos nesses produtos por meio de importação.
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Acho que é por ai mesmo, tudo vai depender da precificação e distribuição, algo que eles não são agressivos. Na minha opinião, a melhor parte disso é a chance de ter uma build estável para Desktop do Steam OS. 🤌🏼