The Elder Scrolls IV: Oblivion Remastered é uma viagem pelo passado e presente da Bethesda – Review
Com seu jeito único, o clássico RPG retorna em uma remasterização com visuais feitos na Unreal Engine 5. Confira a análise
Meu primeiro contato com a versão de The Elder Scrolls IV: Oblivion aconteceu em algum momento de 2006, em uma data que não sei precisar. Sem ter nenhum conhecimento sobre a série da Bethesda, decidi conferir o game na locadora de games que costumava frequentar — naquele velho esquema de pagar para jogar por hora.
A intenção era realmente testar a seleção limitada do Xbox 360, que havia acabado de chegar à loja e estava conectado a uma velha TV de tubo. No entanto, mesmo que fosse impossível ler os textos do RPG, fiquei fascinado com aquela fuga de uma prisão cheia de ratos gigantes e goblins pelo caminho.
Ao mesmo tempo, lembro de não entender bem os menus e ficar completamente perdido com o que fazer assim que cheguei ao mundo aberto. Com isso, não demorei a deixar o jogo de lado e só voltei a ele tempos depois, quando montei um PC — mas, na época, meu coração já havia sido conquistado por Skyrim, que foi minha verdadeira porta de entrada para o mundo da Bethesda.
Quase duas décadas depois (“estamos ficando velhos, Magneto”), voltei à capital de Cyrodill e suas cidades ao redor para desbravar a aventura com visuais atualizados. No entanto, mais do que reviver memórias do passado com visuais mais bonitos, The Elder Scrolls IV: Obvilion Remastered me permitiu reavaliar minha relação com o estúdio e com o tipo de obra que ele cria.
Você confere mais detalhes sobre essa história na review a seguir, realizada com uma cópia de PC de Elder Scrolls IV: Obvilion Remastered cedida pela Bethesda.
Ficha Técnica
Jogo: The Elder Scrolls IV: Oblivion Remastered
Lançamento: 22/04/2025
Onde jogar: PC, Xbox Series X|S e PS5
Plataforma de teste: PC (Steam)
Preço: R$ 264,90 (também disponível no Game Pass)
The Elder Scrolls IV: Oblivion Remastered coloca carne nova em ossos antigos
Ao contrário do que a Bethesda afirmou ao anunciar o lançamento de The Elder Scrolls IV: Oblivion Remastered, o novo título vai além de simplesmente “rodar o jogo como sua memória lembra”. O trabalho da Virtuos deixou o game objetivamente mais bonito e detalhado, embora algumas mudanças de iluminação tenham tirado um pouco de sua personalidade original.
A Unreal Engine 5 permitiu que o jogo se equiparasse facilmente com qualquer outro título recente, dando mais realismo a ambientes, personagens e inimigos. Ao andar pelo mundo aberto, não é raro se deparar com momentos em que você pensa “nossa, que vista legal” ou “rapaz, essa iluminação está bonita”.
Ao mesmo tempo, o Remastered é tão moderno, mas tão moderno, que tem até mesmo os glitches e problemas de desempenho de outros jogos recentes na engine. Ou seja, problemas de carregamento, pequenos stutters durante o carregamento de texturas e quedas frequentes de desempenho.
No entanto, isso não é algo que incomode, especialmente diante do quanto os “ossos” construídos pela Bethesda são fortes. The Elder Scrolls IV: Oblivion estabeleceu as bases sobre as quais foram construídos todos os jogos do estúdio nos últimos 20 anos, que trazem uma coesão surpreendente.
Uma viagem moderna por Tamriel
A maior qualidade do título, que se mantém na remasterização, é o quanto ele passa a sensação de que estamos em um mundo no qual podemos fazer tudo. Enquanto certamente há uma missão principal — que envolve uma invasão de demônios e a sucessão ao trono —, você pode simplesmente ignorá-la.
Deixando de lado a urgência de meu chamado ao dever, andei por Tamriel ajudando a solucionar mistérios sobre quadros sumidos, explorando cavernas meio genéricas e me surpreendendo positivamente até mesmo com bugs. O momento que define minha experiência com o game aconteceu logo após eu sair da cidade de Cyrodill e andar para o norte.
Em certo momento, notei que uma pequena cidade tinha ovelhas e cidadãos completamente invisíveis e pensei que tudo era consequência de um bug nas texturas. No entanto, ao entrar na estalagem local, fui abordado por um personagem — o único visível — que tudo foi resultado dos experimentos de um mago que vivia em uma torre própria.
No fim das contas, um bug realmente existia — na forma do personagem que me abordou, cujas texturas sumiram logo em seguida. E não há nada mais Bethesda do que isso: a empresa cria experiências tão vastas e com tantas peças que podem quebrar, que quando isso inevitavelmente acontece elas também se transformam em memórias duradouras.
The Elder Scrolls IV: Oblivion Remastered prova porque a Bethesda é única
Mais do que ser um jogo que funciona bem e traz um upgrade visual considerável, The Elder Scrolls IV: Oblivion Remastered é um game que atesta como a Bethesda permanece um estúdio único. Embora se possa argumentar que todos os jogos da empresa “são iguais” — o que em certo nível não é mentira —, isso não é exatamente uma ofensa.
Isso porque simplesmente não existe mais ninguém que faça o que a companhia faz no gênero RPG. Enquanto ela também seguiu a tendência de outros estúdios de simplificar mecânicas e dar um foco maior em ação, ela fez isso de maneira mais sutis e que não deixaram de forma sua principal qualidade: a capacidade de criar mundos únicos nos quais é fácil se perder.
Talvez seja justamente por isso que Starfield, por mais que tenha suas semelhanças com The Elder Scrolls e Fallout, não me capturou. Enquanto a base mecânica dos outros jogos do estúdio estava lá, a temática em si me pareceu genérica e sem as qualidades que definiram as demais franquias do estúdio.
Não existe mais ninguém que faça o que a Bethesda faz no gênero RPG.
No caso de The Elder Scrolls IV: Oblivion, as maiores qualidades do jogo realmente são aquelas que a Bethesda criou há quase duas décadas. Enquanto a “carne nova” tem qualidade, os visuais sozinhtos não seriam capazes de sustenar tão bem a aventura e fazê-la parecer atual, mesmo que já seja possível ver alguma “dureza” na ligação entre seus ossos.
Vale a pena?
Embora The Elder Scrolls IV: Oblivion Remastered tenha uma dose generosa de problemas técnicos, é fácil recomendar essa como a versão do game mais adequada a novos fãs. Enquanto a base original do título se mantém, os novos visuais tiram a sensação de “jogo velho” do RPG e garantem um acesso mais fácil ao que realmente faz dele algo único.
No entanto, é difícil recomendar pagar o preço cheio cobrado pela Bethesda, especialmente diante da indisponibilidade de um upgrade por um valor mais acessível. Felizmente, o Game Pass existe como uma alternativa ideal para acessar o jogo na maioria das plataformas — com exceção do PlayStation 5.
Oblivion pode ter ficado “apagado” na história da série diante do fenômeno que virou Skyrim, também sendo rejeitado por quem sente saudades da Bethesda do “Velho Testamento”. No entanto, nenhum outro game é tão bom para conseguir entender como a empresa cresceu nas últimas décadas até chegar a seu estado atual.