Vale a pena jogar Little Nightmares 3 sozinho? Veja review
A icônica franquia de terror da Bandai Namco está de volta com algumas diferenças, mas sem comprometer sua essência.
Little Nightmares 3 chega para trazer novos ares à franquia da Bandai Namco, inclindo um elemento bem diferente: após muito foco no single-player, o novo título agora traz cooperativo online.
Além disso, o jogo também marca uma nova fase para a série, que agora está nas mãos da Supermassive Games — estúdio conhecido por sucessos como Until Dawn e The Quarry. Essa é a primeira vez que a desenvolvedora sueca Tarsier não está à frente do projeto, o que gera uma mistura curiosa de expectativa e desconfiança.
E a desconfiança é bem justificada. Afinal, a Tarsier sempre demonstrou domínio na criação de mundos sombrios com um toque de fofura e uma precisão impecável nas plataformas — herança direta dos tempos de LittleBigPlanet.
A Supermassive, por outro lado, traz outro tipo de expertise para a mesa: ela entende de medo. E o resultado dessa combinação é um Little Nightmares mais cinematográfico, mais tenso e, em certos momentos, até mais emotivo. Mas, com uma grande diferença: duas pessoas no controle.
Ficha Técnica
Título: Little Nightmares III
Desenvolvedora: Supermassive Games
Publicadora: Bandai Namco Entertainment
Data de lançamento: 10 de outubro de 2025
Onde jogar: PS5, PS4, Xbox Series X|S, Xbox One, PC, Nintendo Switch e Switch 2
Plataforma de teste: Xbox Series X (suporta Xbox Play Anywhere)
Preço: A partir de R$ 183 (inclui passe de amigo para modo coop).
A seguir, confira nossas impressões com o game na review do Jornal, realizada no acesso antecipado com uma key de Xbox cedida pela Bandai Namco.
Afinal, vale a pena jogar no single-player?
Durante o período de review antecipado, infelizmente não conseguimos testar o modo cooperativo, já que Little Nightmares 3 não oferece crossplay e tampouco tela dividida. Isso significa que só será possível jogar online com alguém na mesma plataforma — algo que pode frustrar amigos de sistemas diferentes.
Por outro lado, a Bandai Namco confirmou que o jogo contará com um “Friend’s Pass”, permitindo que duas pessoas joguem juntas com apenas uma cópia, desde que estejam no mesmo sistema. É uma boa compensação, especialmente considerando o preço de lançamento.
Além disso, Little Nightmares 3 também funciona como uma experiência solo e pode ser jogado complementarmente assim. Com isso, aproveitamos a review para responder essa questão: afinal, vale a pena jogar no single-player?
Jogando sozinho, a experiência é diferente, mas longe de ser decepcionante. O game adapta bem o papel do companheiro para a IA, que surpreende ao ser funcional e até intuitiva na maioria das vezes.
O único ponto negativo é a impossibilidade de alternar entre personagens: se você escolheu o Low, vai seguir com ele até o fim — e o mesmo vale para Alone. Com isso, eventualmente você terá que ficar observando ou dando ordens para a outra criança, mas a experiênca, no geral, funciona muito bem fora do coop.
Um mundo assustador e imersivo
A narrativa de Little Nightmares 3 continua a tradição da série: um conto visual, enigmático e sem falas além de um “hey”, que comunica emoções e medo com gestos, olhares e ambientes. Você controla Low e Alone, dois melhores amigos que tentam sobreviver e escapar de Lugar Nenhum, um mundo distorcido e cheio de criaturas grotescas.
Cada personagem possui um item que o define: Low carrega um arco, usado para atingir cordas, inimigos voadores e mecanismos distantes; Alone empunha uma chave inglesa, capaz de quebrar barreiras, abrir caminhos e manipular máquinas. Ambos dependem das habilidades do outro, o que reforça a ideia de parceria — mesmo que, no modo solo, essa parceria venha de uma IA.
Ao longo da jornada, os dois enfrentam inimigos tão bizarros quanto fascinantes: a Bebê Monstro nas ruínas da Necrópole, os Gorgulhos Doces na Fábrica de Doces e outras aberrações que nem vamos contar para deixar as surpresas para o gameplay.
O lance é que, a cada novo cenário, o jogo se aprofunda mais no surrealismo melancólico da série, mesclando medo e curiosidade na medida certa. E, como manda a tradição da franquia, o jogo não entrega tudo.
Sua narrativa fragmentada instiga o jogador a buscar mais — e, no nosso caso, foi impossível não mergulhar de cabeça nos títulos anteriores, que agora possuem versões aprimoradas para as gerações atuais de consoles. A gente até conheceu o spin-off mobile Very Little Nightmares e passamos horas na wiki do jogo conhecendo teorias.
No entanto, a melhor descoberta foi o podcast The Sounds of Nightmares, que está disponível de graça e traz histórias nesse mesmo univeso contadas em áudio. Para quem gosta de narrativas imersivas em som, é um prato cheio!
Com isso, Little Nightmares 3 funciona tanto como continuação quanto como porta de entrada para esse universo sinistramente encantador. Para quem nunca tocou na franquia, o novo título é uma ótima abertura para explorar esse vasto mundo montado pela Bandai Namco, seus desenvolvedores e, claro, os fãs e suas teorias.
Apesar desse tom introdutório para quem está colocando o pé na franquia e no terror, é importante avisar: o jogo definitivamente não é para crianças. O jogo tem classificação indicativa de 14 anos, então tenha em mente essa informação se quiser jogar com filhos e sobrinhos.
E como está o gameplay?
Mesmo sem reinventar a roda, Little Nightmares 3 mantém o charme da série ao combinar exploração, puzzles e stealth em um equilíbrio bem dosado. O controle dos personagens é levemente travado — mas faz sentido dentro da proposta.
A movimentação pode incomodar principalmente em partes que exigem pulos, já que a câmera é fixa. Ainda assim, essa limitação faz parte da franquia e é justificada. Afinal, eles são apenas crianças tentando sobreviver em um mundo estranho.
No gameplay solo, a IA que controla o companheiro cumpre bem seu papel, ajudando a subir em locais altos, empurrar objetos e até resolver puzzles em dupla. Às vezes, ela emperra ou se perde em uma sequência de fuga, mas nada que destrua a experiência.
O destaque fica para o level design, que segue criativo e cheio de pequenas surpresas visuais. Cada fase convida o jogador a experimentar, observar e usar os objetos do cenário de formas diferentes. As ferramentas — o arco e a chave inglesa — são integradas organicamente ao gameplay e funcionam mais como instrumentos de interação do que armas.
E vale ressaltar: o foco é a sobrevivência, não o combate. Little Nightmares 3 quer que você pense, se esconda e, às vezes, simplesmente corra pela sua vida. E é justamente nesses momentos de desespero silencioso que o jogo brilha.
Visual e ambientação
Visualmente, o jogo é um espetáculo mórbido. A estética mistura o grotesco e o encantador com uma maestria rara, evocando filmes como Coraline e Paranorman. A paleta de cores sombria e o uso de iluminação dinâmica deixam tudo ainda mais cinematográfico — uma marca registrada da Supermassive.
Os novos ambientes também são memoráveis: uma fábrica de doces decadente, uma necrópole sufocante, um parque de diversões molhado e um circo que parece ter saído de um sonho febril. Cada cenário é uma pequena obra de arte e, ao mesmo tempo, um convite ao pavor.
Os vilões, como sempre, também são o ponto alto, trazendo arquéticos caricatos, assustadores e carregados de simbolismo. É difícil não sentir empatia (ou medo) dessas criaturas deformadas, que parecem representar traumas e medos infantis saídos de pesadelos.
Vale a pena?
Se você gostou dos títulos anteriores e quer ver o universo de Little Nightmares evoluir, este terceiro capítulo é praticamente obrigatório. A Supermassive consegue respeitar o legado da Tarsier enquanto imprime sua própria identidade, além de trazer o cooperativo online sem muitos lados negativos.
A Supermassive consegue respeitar o legado da Tarsier enquanto imprime sua própria identidade.
Jogando sozinho, o game ainda entrega uma experiência completa e envolvente, embora o foco em dupla revele limitações. A ausência de crossplay e de tela dividida é um ponto fraco, mas o sistema de Friend’s Pass compensa bem, permitindo que dois jogadores experimentem o pesadelo juntos sem custo adicional.
E para quem está com dúvidas, ainda existe uma demo grátis em todas as plataformas, o que permite colocar o pé em Lugar Nenhum sem comprometimento, Mas eu já adianto: se você gosta de terror, pode ser que se sinta tentado a comprar a versão completa com essa provinha.
Se você aprecia o terror atmosférico, a melancolia e o design artístico impecável, pode apostar: esse é um pesadelo do qual vale a pena fazer parte, seja sozinho ou com um amigo.