A era dos consoles de R$ 14 mil e jogos de R$ 500 chegou, mas você não precisa participar
A edição de hoje é um aviso pra galera do FOMO: se você não comprar no lançamento, o desconto é sempre maior
Os videogames são uma grande fonte de diversão para muitas pessoas globalmente, além de uma das expressões de arte mais abertas que existem. No entanto, a gente não pode esquecer: jogos também são produtos. E, nos últimos dias, a indústria não tem medido esforços em nos lembrar disso.
A Microsoft ainda não trouxe o Xbox ROG Ally e o ROG Ally X oficialmente para o Brasil, mas a loja Octoshop resolveu abrir a pré-venda dos dispositivos em versões importadas. E mesmo com muitas limitações e avisos, isso deu um bafafá gigante, já que os modelos tão sendo vendidos por até R$ 14 mil.

Além disso, um dos criadores de Saints Row soltou a língua e disse que GTA 6 não somente pode custar US$ 100, como deveria chegar com essa cifra. Ou seja, vai se criando um clima em que jogo caro e console superfaturado são coisas normais.
A grande questão que fica é: você realmente precisa participar dessa pataquada?
O console que custa mais que um carro usado
Vamos começar pelo ROG Ally — ou, como alguns estão chamando, “o portátil que custa o preço de um PS5, um Switch e ainda sobra pra um Air Fryer top”. A Octoshop colocou em pré-venda as versões importadas do console por nada menos que R$ 9 mil no modelo padrão e R$ 14 mil no modelo X.
Sim, esses valores são reais, não foi erro de digitação nem bug do site. No entanto, existem muitos “poréns” envolvidos nessa cifra assustadora. Pra começar, a loja deixou claro que os modelos são importados e contam com apenas QUINZE unidades cada.
Ou seja, isso tá longe de ser um lançamento oficial e que está dentro dos padrões da indústria. Esse preço mais alto também está ligado com esses fatores que vão além do simples valor do produto, que já é naturalmente caro.
Depois da alta repercussão do assunto, a própria ASUS Brasil veio a público esclarecer que o aparelho ainda não foi lançado oficialmente no país. A empresa diz que o preço oficial (com suporte e garantia) será divulgado “em breve”, mas o trauma no bolso já começou. Nosso chute é que o produto chega por uns R$ 10 mil na versão mais potente, mas a pré-venda da Octoshop por um valor ainda mais alto serve como experimento: afinal, quanto a galera tá disposta a pagar por um console?
GTA 6 vale R$ 600?
A discussão sobre os limites do preço no mundo dos games também ficaram em alta na semana por causa de GTA 6 (como de costume). Chris Stockman, ex-produtor de Saints Row, afirmou que o novo título da Rockstar “merece” custar US$ 100 — o equivalente a algo entre R$ 500 e R$ 600 nos padrões atuais da indústria no Brasil.
A justificativa dele? O tamanho do projeto. E de fato, GTA 6 parece ser o jogo mais caro da história, com rumores de orçamento na casa dos US$ 2 bilhões (sim, com “b” de “bilhão”). Stockman até reconheceu que nem todo jogo pode cobrar isso, mas acredita que GTA é o único que “pode se safar”.
O problema é que, quando alguém do mercado fala em “subir preço”, outras empresas escutam e pensam: “boa ideia!”. E aí o preço padrão sobe, o dólar não ajuda e, quando vemos, estamos pagando o valor de um micro-ondas num jogo digital.
No fim das contas, tem muita gente com medo de GTA 6, que vai passar o rodo em qualquer jogo que for lançado perto dele. No entanto, ao mesmo tempo, claramente dá pra ver que tem uma galera querendo que o game abra as porteiras para preços mais caros no mercado, o que pode levar a um crash gigante no futuro. E a única pessoa que pode parar isso é você, caro leitor.
Você não precisa comprar no lançamento
Antes de começar a pensar em vender o rim esquerdo pra jogar GTA 6 ou desistir do sonho de ter um Chevette usado para comprar o Xbox ROG Ally, vale lembrar uma coisa importante: ninguém é obrigado a comprar nada no lançamento.
A indústria dos games vive de “hype”, mas isso não é só culpa das empresas tentando divulgar seus games. O ciclo criado por algoritmos do YouTube e redes sociais dá muita corda para comportamentos questionáveis online.
Cada novo trailer vira um evento global. Cada pequena polêmica vira um tornado de críticas ou expectativas. E com “todo mundo” falando de um grande lançamento, pode bater o medo de ficar de fora — o famoso FOMO (Fear of Missing Out).
E nessa tempestade, pode rolar uma pressão mensal para fazer um crediário por um novo console, ou gastar pra caramba em um novo jogo no lançamento. Tudo isso para “fazer parte da diversão” ou não ficar de fora do debate online. No entanto, não dá pra esquecer: videogame é sobre jogar, não discutir na internet.
Existe um mundo de jogos antigos, grátis e em promoção que você pode explorar enquanto um lançamento não fica barato.
Ninguém aqui é polícia de carteira e, se você tem grana, pode comprar jogos pelo preço absurdo que quiser — mas se a condição financeira tá boa, considere ajudar o nosso projeto ou visitar a nossa loja de produtos gamers. Ainda assim, existe um mundo de jogos antigos, grátis e em promoção que você pode explorar enquanto um lançamento não fica barato.

Quer um exemplo: Ghost of Yotei tá maravilhoso, mas você não quer gastar comprando o jogo no preço cheio? Deixa ele na lista de desejos e aproveita Ghost of Tsushima, que já está na PS Plus e sempre fica em promoção no PC. Falando em computador, que tal visitar o Steam Next Fest e conhecer vários jogos de graça, durante o festival de demonstrações da loja?
E se você está nos consoles, toda semana tem promoção na PS Store, Xbox Store e na Nintendo eShop, tanto que sempre trazemos algum destaque na nossa newsletter semanal. Um jogo que antes custava mais de R$ 300 pode estar pela metade do preço em menos de um ano — tipo Hogwarts Legacy, que foi hit em 2023 e hoje já está em vários serviços de assinatura e com 85% de desconto na Steam, custando menos que um almoço em São Paulo.
A paciência pode vencer não somente nos preços, mas também em melhorias e qualidade de vida dos games. Afinal, com jogos feitos cada vez mais às pressas, esperar por uma promoção ainda garante que o game já venha com patches corrigindo problemas ou até trazendo aprimoramentos.

Um exemplo disso rolou aqui no Jornal dos Jogos. Eu recentemente terminei a campanha de GTA V pela primeira vez jogando no Game Pass, e a experiência foi melhor que ter jogado na época do lançamento — eu tentei tanto no Xbox 360 quanto no One/PS4 . Além de estar disponível na assinatura sem custos adicionais, a versão do Xbox Series X traz melhorias que nem existiam no passado, como o Quick Resume, pra pular todas as telas introdutórias, carregamento rápido via SSD e gráficos mais bonitos. Simplesmente win win.
Todo mundo compra jogos na promoção
Apesar de os lançamentos dominarem as conversas online, existe uma grande verdade que fica “escondida” no mercado de games: a maioria dos jogadores compra em promoções.
Uma pesquisa recente nos Estados Unidos revelou que mais da metade dos gamers compra apenas um jogo por ano. Um só! O resto é free-to-play, Game Pass, PS Plus ou aquele backlog infinito que nunca acaba. E essa tendência não é exclusiva de lá — no Brasil, o padrão é o mesmo, talvez até mais forte.
Um levantamento recente da LDShop também mostrou que o Brasil tem o quinto menor custo médio para ser gamer no mundo. E como isso é possível com jogos caríssimos e consoles com preços fora da realidade no nosso país? Grande parte do público só joga se o preço estiver bom.
Segundo o estudo, jogadores brasileiros são verdadeiros detetives da economia, apostando forte em assinaturas e games com muito desconto na hora de comprar. Com isso, o custo médio para jogar acaba caindo lá pra baixo, seja nos consoles ou PC.
A era do “luxo digital” chegou, mas você pode ignorá-la
Com lojas testando preços exorbitantes com o Xbox ROG Ally e produtores querendo fazer você acreditar que um jogo vale R$ 600, o cenário pode parecer desanimador. Porém, a verdade é que nunca tivemos tantas opções para jogar, basta tirar os óculos do hype.
Apesar do aumento cabuloso, o Xbox Game Pass ainda permite que você jogue muita coisa — principalmente se você pegar o gift card da Nuuvem com o preço antigo do Ultimate. O mesmo também vale para a PS Plus, que traz um catálogo com bastante coisa pra jogar se você planejar direitinho e aproveitar a assinatura mensal — que em outubro inclui Alan Wake 2, Silent Hill e grande elenco.
O jogo pode ter saído hoje ou há dez anos: se você ainda não jogou, é lançamento para você.
E nas terras maravilhosas do PC, o battle royale de lojas é tão grande que a Steam sempre traz ótimas promoções e a Epic sempre tem um título grátis para a galera — nesta semana é Samorost 3. A grande verdade é que o jogo pode ter saído hoje ou há dez anos: se você ainda não jogou, é lançamento pra você.
Claro, é legal acompanhar o hype e ver os trailers de GTA 6 em 4K, mas não é preciso comprar tudo no dia um pra ser gamer de verdade. Jogar com paciência e inteligência é o novo meta, e isso pode ensinar uma grande lição para as empresas de games. Afinal, se ninguém comprar, o preço vai ter que baixar.
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