Mark of The Deep peca em originalidade, mas compensa tecnicamente - Review
Com diversas inspirações de peso, novo jogo brasileiro já está disponível na Steam
Mark of the Deep é um dos projetos mais ambiciosos da desenvolvedora brasileira Mad Mimic. O título chegou agora em 2025 como uma excelente opção para quem busca um jogo de ação neste início de ano.
Inspirado por gêneros consagrados, o jogo acompanha a jornada de Rookie, um jovem pirata cujo navio naufragou em uma ilha misteriosa e amaldiçoada. Agora separado da tripulação da Sereia Raivosa, ele precisa explorar esse território desconhecido para resgatar seus companheiros e desvendar os segredos da ilha.
Bebendo da fonte souls
Mark of the Deep não esconde sua inspiração nos jogos Souls-Like e Metroidvania, adotando diversas mecânicas já conhecidas pelos fãs desses gêneros. Desde o início, somos apresentados aos santuários, equivalentes às fogueiras de Dark Souls, onde podemos restaurar a saúde, marcar checkpoints e gerenciar equipamentos. A progressão também segue um formato familiar: avançamos por áreas repletas de inimigos desafiadores até enfrentarmos um chefe, que desbloqueia novos caminhos e faz a história avançar.
Um dos pontos altos do jogo é a variedade de inimigos. São mais de 80 tipos de criaturas, cada uma com habilidades e padrões de ataque distintos, o que evita a sensação de repetição. Além disso, o level design é bem elaborado e se transforma conforme novas habilidades de exploração são desbloqueadas, mantendo a progressão dinâmica e interessante.
O ritmo do jogo pode surpreender aqueles que testaram a demo. A versão final começa de maneira mais cadenciada, oferecendo inicialmente apenas um anzol como arma e introduzindo novas mecânicas gradualmente. Com o tempo, Rookie adquire novas armas e acessórios, que podem ser comprados de mercadores ao longo da jornada para aprimorar seus atributos de ataque e vida.
Como esperado de um jogo inspirado no estilo Souls, a dificuldade é um elemento central. Os chefes exigem paciência e aprendizado de padrões de ataque para serem derrotados. Alguns deles podem parecer ligeiramente desbalanceados, mas nada que prática e persistência não resolvam.
Design que funciona
Visualmente, Mark of the Deep é super competente. A ambientação marítima e as cavernas submersas são retratadas com um design artístico carismático e detalhado, o que garante bastante imersão durante toda a experiência.
Os inimigos e personagens possuem visuais distintos e marcantes, e o jogo utiliza sua direção de arte de forma inteligente para indicar elementos do gameplay. Exemplo disso é a deterioração dos inimigos através de rachaduras visíveis conforme sua vida diminui. Pequenos brilhos e detalhes visuais também ajudam a guiar o jogador pelo cenário, tornando a exploração mais intuitiva.
Jogo peca em algumas escolhas
Inspirar-se em outros jogos não é um problema, especialmente quando a execução técnica é primorosa, como é o caso aqui. No entanto, Mark of the Deep pouco se arrisca em termos de inovação. Todas as mecânicas apresentadas são familiares, o estilo artístico remete a outras obras do gênero e, no geral, não há nada que o torne excepcionalmente único. Isso não compromete a experiência, mas é um ponto a ser considerado por quem busca algo inédito.
Outro ponto que me incomodou – e que, obviamente, é uma escolha do estúdio, talvez até a reclamação mais irrelevante desta análise – foi a dublagem brasileira. Sabemos que a dublagem é um elemento essencial para tornar os jogos mais acessíveis a um público maior, e o Brasil conta, sem dúvida, com alguns dos melhores dubladores do mundo.
Isso me leva a um questionamento: por que optar pelo uso de influenciadores na dublagem do jogo quando há tantos profissionais experientes disponíveis?
A resposta é clara: influenciadores são uma ferramenta poderosa para promover o jogo. Eles não apenas dublam personagens, mas também ajudam a impulsionar a visibilidade do título, transmitindo-o em seus canais e ampliando seu alcance. Do ponto de vista de marketing, essa estratégia faz total sentido.
No entanto, quando o foco é a qualidade da experiência dentro do jogo, essa escolha me parece questionável. Eu, pessoalmente, não gostei da atuação de alguns dubladores – o que não é surpresa, já que eles não são profissionais da área – e acabei preferindo jogar com as vozes em inglês.
Ainda assim, reconheço que esse ponto tem um impacto pequeno na experiência geral, já que as vozes não estão sempre em evidência. De qualquer forma, achei válido trazer essa discussão para a análise.
Vale a pena?
Mark of The Deep é um projeto bem polido, competente tecnicamente, belo visualmente, divertido e que chega com um preço ótimo pelo conteúdo que entrega. Apesar de algumas escolhas questionáveis e da falta de inovação, o jogo se sustenta pela sua qualidade técnica e pela diversão que proporciona.
Óbvio que o jogo não vai agradar a todos, pois é um projeto de nicho. Ainda assim, o título diverte dentro de sua proposta e escopo. Se você quer dificuldade, exploração e almeja aquela explosão de dopamina ao derrotar um chefe complicado, você encontrará aqui.
Mark of the Deep está disponível para PC e pode ser comprado na Steam por R$ 39,99. Uma demo grátis também pode ser baixada na plataforma.