Towa and the Guardians of the Sacred Tree tenta ser diferente, mas tropeça em escolhas estranhas – Review
Roguelike da Bandai Namco mistura arte japonesa clássica e ação frenética, mas falha em detalhes que poderiam torná-lo inesquecível.
Towa and the Guardians of the Sacred Tree é o novo roguelike lançado pela Bandai Namco que aposta em duas cartas fortes: um visual inspiradíssimo na arte japonesa tradicional e uma proposta de gameplay diferenciada, em que dois personagens podem ser controlados ao mesmo tempo. A mistura é ousada e chama atenção de cara, mas será que a execução acompanha a ideia?
Com artes que remetem ao ukiyo-e (as famosas xilogravuras japonesas) e ao estilo narrativo dos rolos pintados chamados emaki, o jogo se apresenta como uma lenda antiga sendo contada diante dos nossos olhos. Nesse universo, a vila Shinju sofre há séculos com a ameaça de Magatsu, um deus destrutivo que pretende consumir tudo.
Para enfrentá-lo, Towa, filha dos deuses, decide reunir oito companheiros — os Guardiões da Árvore Sagrada. Cada um desses guardiões tem sua própria história e estilo de luta, e são justamente eles que moldam a experiência de jogar.
Mas, no fim das contas, vale dar uma chance ao jogo, que chega na mesma época que Hades e Silksong?
Ficha Técnica
Jogo: Towa and the Guardians of the Sacred Tree
Lançamento: 19/09/2025
Onde jogar: PS5, Xbox Series X|S, PC e Nintendo Switch
Plataforma de teste: PC
Preço: A partir de R$ 137,50 na Steam — ou R$ 123,75 na Nuuvem
Uma key para realizar a review foi cedida pela Bandai Namco para PC — confira também o nosso preview com o game:
Como funciona o gameplay de Towa?
A grande promessa de Towa está na sua jogabilidade. Cada guardião é jogável, e o sistema permite escolher dois personagens por run: o Tsuguri, que assume os ataques principais, e o Kagura, que entra como suporte com habilidades extras. Esse esquema dá uma boa variabilidade de combinações, ainda mais porque, com recursos acumulados, dá para modificar os “kits” de habilidades e criar duplas sob medida.
O problema é que, na prática, essa ideia de dois personagens parece mais uma tentativa de se diferenciar de outros roguelikes do que algo realmente necessário. Jogar com o Kagura, limitado a dois botões, não empolga.
Existe até um modo cooperativo local em que outra pessoa controla o suporte, mas a função é tão simplória que beira o frustrante: um jogador se diverte com tudo, o outro aperta um botão de vez em quando.
Na pele de Tsuguri, as coisas funcionam melhor. Há um dash ágil, ataques com as espadas Honzashi e Wakizashi, além do Fatal Blow, um especial carregado com mana. O detalhe das duas espadas terem “estamina própria” e obrigarem a alternância entre elas dá um ritmo legal ao combate.
Mas, no fim, a estrutura não foge muito da fórmula que Hades popularizou: salas com hordas de inimigos, recompensas, escolha de portões para seguir e bênçãos (graces) que aprimoram atributos da run. O ciclo é divertido, mas a sensação de déjà vu é inevitável.
A estrutura não foge muito da fórmula que Hades popularizou.
Entre uma run e outra, a vila funciona como hub. Lá é possível jogar minigames, comprar melhorias, forjar armas e reforçar os guardiões. A forja, em especial, é robusta, mas arrastada — mais atrapalha o ritmo do que acrescenta.
Visuais deslumbrante
Aqui o jogo brilha de verdade. A direção artística bebe diretamente da estética japonesa clássica e cria cenários e personagens que parecem saídos de uma pintura antiga. Sem dúvidas, Towa and the Guardians of the Sacred Tree é um dos roguelikes mais bonitos que já joguei.
O problema é que beleza nem sempre significa clareza. Em meio ao caos das batalhas, é comum perder de vista o próprio personagem por falta de contraste com o cenário.
Some a isso a ausência de indicadores claros (visuais ou sonoros) de quando recebemos dano, e a frustração aumenta: é preciso ficar de olho na barra de vida lá embaixo, em vez de reagir instintivamente ao que está na tela.
Outro detalhe que merece destaque é a ausência de legendas em português brasileiro. Enquanto o jogo traz uma dublagem de qualidade em inglês, a falta de localização no nosso idioma em texto pode limitar a experiência.
Vale a pena?
Towa and the Guardians of the Sacred Tree é um jogo que tem coração e identidade, mas também tropeça em pontos básicos. O combate é dinâmico e divertido, mas a ideia de dois personagens simultâneos não convence.
A direção de arte impressiona, mas sacrifica a clareza do gameplay. E, para piorar, a enxurrada de informações logo no início pode afastar quem não está disposto a estudar um manual antes de jogar.
Um detalhe difícil de engolir é a ausência de localização em português brasileiro, especialmente considerando que o título vem de uma gigante como a Bandai Namco. Para um jogo que dá tanto peso à história, deixar nosso idioma de fora é decepcionante.
Minha sensação é de que Towa tem potencial, mas não está pronto para justificar o preço cheio neste momento. Para fãs de roguelike, vale colocar na lista de desejos e esperar uma promoção e eventual lançamento no Game Pass e PS Plus — ou torcer por atualizações que resolvam alguns dos problemas. Para o jogador casual, talvez seja melhor olhar para outras opções do gênero.